quarta-feira, 19 de setembro de 2007

sina do sertanejo



sina do sertanejo
M.Leonidio


no veio da terra
ressecada
da caatinga
dissecada
pela estiagem
sem-fim
o que será de mim?

sertanejo
quérendo umidade
chuva abundante
não tenho mai lágrima
suplico humanidade
e não tenho mai vontade
de ir pra cidade
quero minhas raízes
tomar banhi de rio
dançar meu baião
com minha nega
arrastando poeira
tomar minha cachaça
falando besteras

sô cabra-da-peste
mai tô definhando
feito o gado fantasma
que pastava no meu pedacim-de-terra

a tristeza no oiar
dos meus onze fis
me trazem um ar amargo
de condenação quase definitiva

não vô desisti
vô rezar pra Padim Ciço
e Ele há de me guiá

do meu sertão
não me vô
aqui nasci
ninguém vai me tirá daqui

o diabo
é que o demo
o coisa-ruim
insisti em me persuadi
qué me enfraquecê
mai só saio daqui
no dia em quéu morrê [...]

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