domingo, 5 de setembro de 2010

Não precisa ler, mas pode olhar!


Não precisa ler
Mas pode olhar!
Marcos Leonidio

Não precisa ler
As doces palavras que lhe escrevi naquele bilhete branco
Mas pode olhar
Para os campos de trigo
Que também estou lá
A espiar suas coxas sob o vestido branco de renda

Não precisa ler
O anúncio de jornal que fala do meu amor por você
Mas pode olhar
Pela janela do seu quarto
Que o muro amarelo da D. Flora
Continua pichado com as nossas iniciais
Em um enorme coração vermelho

Não precisa ler
A poesia que publiquei no jornal do colégio
Inspirada nos nossos doces encontros
Mas pode olhar aquelas nossas fotos antigas
Que devem estar no fundo de uma gaveta qualquer da sua escrivaninha
Naquela época nossos olhos sorriam e iluminavam
Um a face do outro.

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